quarta-feira, julho 20, 2005

O ilusionista

Há algo de fantástico no mundo da magia. Não existe ninguém que em algum momento não se tenha deixado maravilhar pela visão de uma ilusão bem feita, querendo acreditar no que está perante os seus olhos mesmo sabendo que não será mais que um truque. Alguma coisa nos compele a crer que todos os fabulosos truques que os magos apresentam podem ser reais, que algo de transcendente está a acontecer realmente diante dos nossos olhos.
Zaphyr era ilusionista reputado, correndo meio mundo para maravilhar tudo e todos com as suas artes mágicas, fazendo multidões abrir a boca de espanto perante as impossibilidades que tornava possíveis para toda a gente ver. Mesmo o mais céptico se questionava perante a visão dos poderes de Zaphyr. A perfeição da sua arte provocava espanto e um imenso gáudio em todos quantos o viam.
Mas Zaphyr era um homem misterioso. Vivia praticamente isolado, congeminando durante meses ou mesmo anos as suas novas ilusões. Todo este isolamento tornava a aura de mistério em torno deste homem ainda maior, levando muitos a pensar que talvez ele fosse um alquimista capaz de proezas esotéricas.
Mas não. Zaphyr era sim um homem obcecado pelo amor e a sua dedicação às artes mágicas provinha de um desgosto amoroso sofrido ainda em tenra idade. Em jovem Zaphyr apaixonou-se por Amélia, sua colega de escola que era a mais esbelta das mulheres da aldeia. Perdido nos seus imensos olhos verdes Zaphyr cegou de paixão, passando seus dias a pensar como seria o seu futuro a dois. Mas Amélia era donzela muito requisitada e um dia disse ao pobre Zaphyr- "Óh meu granda pacóvio, só por magia é que eu podia olhar para uma arvéola como tu pá. Tem juízo e põe-te mas é nas putas!!".
Zaphyr chorou durante tempos e tempos até que, olhando um dia para o televisor, viu um homem a executar proezas fantásticas como que por magia. Era o Grande Albertz, ilusionista de excelência e verdadeira lenda, de quem se dizia que as ilusões eram reais e os poderes autênticos! E aí ele pensou - "Já sei como serás minha!! Seguirei o caminho deste homem, capaz de mil e uma ilusões e de todas as magias e vou criar a ilusão do amor!!!"
E assim começou a aventura de Zaphyr. Muniu-se de uma varinha e encetou os seus estudos na arte de dissimular. Coelhos, metros de pano, assistentes de nome Marlene, ramos de flores e conjuntos de napróns debroados a renda de Vila Viçosa, tudo ele tirou da sua cartola. Fez desaparecer montanhas, fugiu de coletes de força em chamas e pediu um quilo de fiambre em Jerusálem. Realizou dia após dia os mais difíceis truques que jámais algum mágico havia executado, imaginou e congeminou ilusões de ainda maiores dimensões e da mais pura dificuldade, mas não conseguia criar a ilusão pretendida. Amélia não era dele e perdia-se de amores por homens cujas maiores proezas fantásticas passavam por abrir minis com os dentes e causar chamas de grandes dimensões com a sua própria flatulência. Eles próprios não passavam de imensas ilusões nas quais ela acreditava esporádicamente, apenas para se aperceber que tudo era falso.
Pobre Zaphyr! Como um tolo, seguiu esta busca anos a fio até atingir a beira da loucura. Acordou num encontro com o homem que lhe iluminou o caminho o Grande Albertz.
- Grande Albertz -disse Zaphyr ao seu mentor - diz-me por favor que todas as ilusões são possíveis ou eu enloquecerei. De nada me serve ser capaz de fazer desaparecer o mundo se ela não pode ser minha, ajuda-me a criar a ilusão do amor!!!
- Pobre Zaphyr - retorquiu Albertz- não sabes tu que apenas podemos iludir quem quer ser iludido? Só quem crê, mesmo que no seu amâgo, que a nossa magia é real pode ser sofismado, e os sentimentos enganam-se, mas não se iludem.
Zaphyr partiu derrotado, nunca teria Amélia. No meio de tantas ilusões o iludido era ele.
Arrumou a sua varinha e nunca mais lhe deu uso, pois esta apenas funcionava com Amélia no pensamento, sendo que mulher alguma para além desta lhe arrebitaria a dita.
O seu ultimo truque, usou-o para desaparecer de cena, transformando-se a si próprio num desconhecido sem artes de mago. Tormou-se num vendedor de língua da sogra, bolas de berlim e cerveja freeeeeeesquinha na praia de Quarteira e leva os seus dias gritando pregões ao longo da areia, sempre com Amélia na sua mente mas já sem a ilusão de que algum dia irá amar.

Despeço-me com amizade. ET

domingo, julho 03, 2005

A mulher elástica!!

Desde jovem que Jôjô primava por ser uma mulher atlética. Começou logo em criança a saltar nos colchões da colectividade local, tornando-se verdadeirmante uma raínha do trampolim!!
Acumulava medalhas e prémios nas provas e saraus por onde passava, fazendo tudo e todos abrir a boca de espanto perante a sua capacidade gímnica, mas principalmente perante a sua magnífica e espantosa elasticidade. Jôjô contorcia-se com um à vontade bestial, sendo capaz das mais impossíveis e estupendas proezas com o seu corpo, fazendo acreditar por vezes que era feita de plasticina. Dedicou-se durante anos a estas actividades desportivas, ganhando com o passar dos anos uma obsessão próxima da doença com a sua própria elasticidade. Queria ser o mais elástica possível, e dedicava todo o seu tempo a apurar esta capacidade.
Com a sua entrada na fase adulta surgiram as descobertas próprias da idade. Jôjô acabou por reconhecer uma nova área do seu corpo cuja elasticidade estava ainda inexplorada. Primeiramente explorou-a com as suas próprias mãos, em longas tardes de treino que serviam para apurar as capacidades desta zona ainda indomada a nível elástico. O próximo passo deu-se com o auxílio de produtos naturais nomeadamente através do emprego nas suas sessões de treino, de vegetais da famílias das cucurbitáceas e que lhe possibilitaram avanços espetaculares em curto espaço de tempo.
Mas a evolução mais importante deu-se quando conheceu Albino, jogador de hoquéi na colectividade onde Jôjô ginasticava e que primava pela imensa habilidade com o stick. As tardes de treino com os amigos de clorofila foram substituídas por verdadeiros arraiais de stickada, dignos de um qualquer Livramento.
E assim Jôjô optou não pelo trilho do amor, mas pela labuta do treino e dedicava-se intensamente a este todos os dias, o máximo de horas possível, era o que o Albino desse. Mas pobre Albino não conseguia aguentar, o ritmo de treino de Jôjô era muito intenso e a sua elasticidade cada vez maior, exigindo capacidades quase sobre-humanas. Acabou por abandonar Jôjô, justificando-se com manifesta falta de capacidade para ser seu parceiro de treino.
Mas Jôjô não desistiu, ganhou ainda mais força de vontade e começou a treinar com todos os parceiros que lhe apareciam à frente, não podendo passar mais que algumas dezenas de horas sem exercitar a sua pombinha. O importante era não perder o ritmo e qualquer paragem poderia implicar uma regressão no seu trabalho. Passado pouco tempo começou a conseguir desenvolver um diâmetro e elasticidade que se julgavam humanamente impossíveis, sendo a inserção de vários objecto em simultâneo uma prática meramente banal.
A sociedade catalogou-a de ninfomaníaca, não percebendo que ela não era mais do que uma atleta de alta competição que buscava apenas a perfeição. Jôjô seguiu o seu caminho, indiferente à opinião de todos e com apenas um objectivo em mente, ter a passarinha mais elástica do mundo!!!!!!!!
Acabou por optar por emigrar, partindo para países onde o seu treino poderia ser optimizado, tendo ficado famosa a tour que realizou pela África subsariana.
Dedica-se presentemente à criação de novas fronteiras na elasticidade feminina, tomando como seus desafios considerados inumanos, como por exemplo a inserção de um par de ogivas nucleares na sua região erógena, num esforço não só de avançar mais além a nível desportivo, mas principalmente numa tentativa de estabelecer a paz mundial, levando à letra o princípio make love not war.
Cruzei-me com esta figura singular numa tarde solarenga, ali na zona da Parede, e cometi o infeliz erro de confundir uma intensa sessão de treino com uma possível paixão.
Quebrou-me o coração e deixou-me de rastos, mas posso hoje dizer que lhe desejo a maior sorte na sua sublime busca pela perfeição desportiva. Que tudo lhe corra bem!!

Despeço-me com amizade. ET