sexta-feira, dezembro 15, 2006

A cozinheira celestial: Parte 3 - A Exaltação

E Carmelita começou a aproveitar o dom divino que lhe havia sido concedido com cada vez mais afinco. Dia após dia ela preparava os seus magníficos doces e noite após noite a sua fiel colher de pau acompanhava-a até seus aposentos, onde percorria vezes sem conta as angelicais entranhas da noviça, fazendo com que o néctar celestial não para-se de brotar do seu santuário, banhando continuamente o seu instrumento de trabalho.
A mestria com que Carmelita domava a colher de pau foi crescendo ao longo do tempo, o que fez com que os fluídos corressem cada vez mais livremente. Este fenómeno, associado à porosidade da madeira constituinte da colher de pau, fez com que os respectivos mucos se entranhassem cada vez mais profundamente no cerne da dita colher, o que levava a que cada vez mais os pitéus de Carmelita apresentassem um sabor único e inesquecível.
As capacidades da jovem freira tornaram-se rapidamente famosas e não tardou que houvesse gente a deslocar-se de locais longínquos apenas para provar os doces confecionados por aquela que se dizia ter mãos de anjo. E ainda dizem que os anjos não têm sexo…
Mas a particularidade que mais chamava a atenção para a dádiva de Carmelita era que, ao contrário do tradicional, ela não se dedicava exclusivamente à doçaria, pois uma vez por mês e apenas uma vez por mês, a noviça preparava o seu mais delicioso e afamado prato, um arroz de cabidela que se dizia fazer virem as lágrimas aos olhos dos comensais. Quem já tinha experimentado afirmava que o conjunto de paladares ao provar aquele prato era tal que se chegava a vivenciar uma autêntica epifania.
Não houve padre, bispo ou cardeal deste país que não tivesse vindo ao convento deliciar-se com a cabidela de Carmelita. Perguntou-lhe um dia o Cardeal Patriarca:
- Minha filha, porque nos proporcionas esta bênção que é a tua cabidela apenas uma vez por mês?
- Porque o Senhor assim o quer senhor Cardeal. Durante as minhas orações ele diz-me: “E por volta do dia 4 de cada mês a sagrada cabidela farás. Apenas e só naquela altura do mês!” – Eu limito-te a seguir a sua palavra. O dom da cabidela apenas vem uma vez por mês, normalmente acompanhado de alguma rabugice e má disposição confesso meu Cardeal, mas ainda assim é a mais bela glória que o Senhor me atribuiu.
- Se Deus assim o quer minha filha, seja feita a sua vontade.
E a fama de Carmelita continuou a crescer. Cresceu tanto que chegou ao Vaticano! Sim, até o Santo Papa expressou a sua vontade de provar com os seus próprios lábios os milagres que saíam das mãos desta jovem!
E assim, Carmelita arrumou as suas parcas possessões e preparou-se para partir em viagem. Deveria ir ao Vaticano para dar a conhecer ao Santo Padre o seu dom divino.

To be continued…

3 Comments:

At 11:10 da manhã, Blogger Barrabás said...

Começo a ficar sentido e emocionado com tão divina e sentimental história, Caralho!

 
At 8:39 da manhã, Anonymous Anónimo said...

a parte do arroz de cabidela é só, mas só um bocadinho nojenta. artística, mas nojenta. digna de uma qualquer revista porno baratucha.....

 
At 5:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Bem... a história está interessante... mas sinceramente eu esperava mais desta terceira parte... Mas estou convicto que foi uma estratégia tua ... para um final digno de um Épico... para a parte 4!
Aguardo ansiosamente.

 

Enviar um comentário

<< Home